Actualmente a Câmara Municipal é constituída por um executivo de 7 membros, o presidente da Câmara e seis vereadores; a Assembleia Municipal é constituída por 17 membros eleitos em simultâneo com a Câmara Municipal.
Emília Vaz Almeida Coimbra
Arnaldo Andrade Ramos
Teresa Ramos Correia
Jednilson de jesus Silva Landim
Osvaldo Monteiro Chantre
Maria Zita Varela Correia
Maria Rosa Lopes Semedo - MPD
Leopoldina Maria Santos Sousa Almeida da Costa - PAICV
Pedro da Silva Gomes - MPD
Ronaldo Carlos Rodrigues Cardoso - PAICV
Mirian Sorraia Amarante de Sousa - MPD
José Carlos Tavares Gonçalves - PAICV
Natalina de Jesus Leal Cardoso - PAICV
Manuel Marcelino Tavares Landim - MPD
Adelino Domingos Gomes da Silva - MIT
Moisés Fernandes Silva - PAICV
Eveliny Patrícia Fernandes da Lomba - MPD
Yury David Lopes Pereira - PAICV
Nicolau Garcia Monteiro - MPD
Adelaide de Pina Lopes - PAICV
António Correia Gonçalves - MPD
Octávio Fortunato Sanches - PAICV
Contactos
Endereço: Vila do Tarrafal
Telefone: (+238) 266 11 55
(+238) 266 13 98
Fax: (+238) 266 11 75
Situação socioeconómica
A cidade do Tarrafal evoluiu a partir de uma aldeia portuária que teria assumido as funções de capitalidade do concelho de Santa Catarina nos finais do século XIX. A área urbana limitava-se à antiga vila colonial, residência de quadros administrativos e comerciantes no entorno da praça municipal, onde se situavam a igreja e a escola principal.
Nos bairros pobres residiam os pescadores e trabalhadores ocasionais. Registamos que até a década de sessenta do século XX, a população da ilha de Santiago era essencialmente rural acontecendo o mesmo no concelho do Tarrafal, pelo qua a então vila do Tarrafal tinha uma modesta dimensão no quadro dos centros urbanos do país.
Habitação
De acordo o Censo do ano 2000, 88,1% da população vivia em casas independentes e 11,9% em apartamentos. Na cidade não existem barracas, nem construções de materiais frágeis como madeira, chapa metálica ou cartão tipo “bidonvilles”. As construções espontâneas são dominadas por casas de blocos de cimento e cobertas de betão ou de telha, geralmente estão inacabadas por razões já expostas. As grandes limitações de conforto estão associadas ao deficiente acesso às infra-estruturas e serviços urbanos, inexistência de rede de água e esgotos, falta de pavimente nas ruas, energia eléctrica deficiente.
Á semelhança do que acontece nos pequenos centros urbanos da ilha, na cidade do Tarrafal uma grande parte da população vive em casas próprias. Como vimos as construções são feitas através de “djunta mó” e as obras avançam paulatinamente em função dos recursos disponíveis, dominando uma paisagem de casas inacabadas, de cor cinzenta dos blocos sem pintura nem caiação.
Os edifícios mais antigos são de estilo clássico, de um piso, totalmente concluídos, correspondendo na maior parte cada edifício a uma moradia e destinado quase exclusivamente à habitação.
Na promoção de habitação social, tem havido grupos organizados como as cooperativas de habitação, ONGs, acções caritativas, que promovem a requalificação urbana e construção de habitação para as classes mais pobres.
Agua
O abastecimento de água constitui um dos grandes problemas de Cabo Verde tanto no espaço rural como nos centros urbanos. Na cidade do Tarrafal o abastecimento de água é assegurado pela concessionária Municipal - Serviço Autónomo de Água e Saneamento (SAAS), que gere a exploração das infra-estruturas de abastecimento de água: captação, tratamento, e distribuição para consumo público.
O sistema de abastecimento de água no concelho compreende mais de 90 quilómetros de rede. A totalidade de água para consumo doméstico e industrial é proveniente de captações subterrâneas, mediante furos, localizando-se todas as captações actualmente em serviço no território concelhio.
As melhorias registadas, sobretudo nos centros urbanos, permitem às famílias maior acesso à água potável, continuando a haver ciclos de crises associadas às dificuldades de abastecimento regular e em água de boa qualidade. De acordo com os dados do Censo de 2010, no concelho do Tarrafal 67,3% das casas estavam ligadas à rede pública o que representa uma taxa superior aos 54,4% que representa a média nacional. Na mesma data 50% das casas possuíam instalações sanitárias; 31% tinham banheira com duche ou com chuveiro. No entanto, apenas 5% estavam ligadas à rede de esgotos e 48% tinham fossa séptica.
A actual rede de distribuição de água domiciliária é constituída por: 11 furos, 2 nascentes e 2 galerias. Segundo o INE através do QUIBB 2007, 62,3 % da população já é servida com água canalizada e 23,9 % é abastecida através dos chafarizes públicos.
Saneamento
A cidade do Tarrafal e Chão Bom é servida por uma rede de esgoto ligada a uma Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR). Actualmente existem cerca de 260 casas (fogos) ligadas à rede esgoto, sendo 227 na cidade e 33 em Chão Bom.
Os dados do QUIBB 2007 indicam que ainda continuam algumas práticas que são prejudiciais para o ambiente, visto que, a maior parte da população continua a lançar as águas residuais ao redor das casas. Verifica-se ainda que uma porção considerável da população não tem WC, nem retrete/latrina, cerca de 55% da população, significando que continuam a utilizar a natureza para se desvencilharem dos seus resíduos.
O sistema de limpeza e recolha de resíduos sólidos abrange as localidades da cidade do Tarrafal, Chão Bom, Ribeira das Pratas, Achada Moirão, Trás-os-Montes e Achada Tenda. Na cidade e Chão Bom a limpeza e a recolha feita diariamente das 5 às 11 horas de manhã. Em relação às restantes localidades abrangidas pelo sistema, a limpeza e a recolha é feita uma vez por semana no mesmo horário.
Nos aglomerados populacionais de Ribeira das Pratas, Achada Tenda e Achada Moirão, verifica-se uma grande pressão e alargamento dos detritos domésticos (resíduos sólidos) que dão mostra da necessidade de uma rápida intervenção em matéria de recolha e tratamento.
Verifica-se que o tipo de lixo produzido no concelho não é muito diversificado, não existem resíduos industriais porque a indústria é muito pouco expressiva, e de resto o lixo produzido é o orgânico, vidros, latas, cartão e papel.
Saude
Actualmente, o município conta com um Centro de Saúde, construído recentemente na zona de Matadouro capacitado para internamento e consultas. O município conta ainda com 2 Postos Sanitários em Chão Bom e Chã de Junco, onde se realizam consultas periféricas, e 6 Unidades Sanitárias de Base (USB), localizadas nas zonas de Chão Bom, Achada Tenda, Trás -os-Montes, Ribeira das Pratas, Mato Mendes, Figueira Muita e Achada Meio. Em termos de recursos humanos, existem actualmente 5 médicos e 11 enfermeiros.
Os Centros de Saúde não dispõem ainda de capacidade para a realização de exames complementares de diagnóstico. Estes exames são realizados no Hospital Regional de Santiago Norte, Cidade de Assomada ou no Hospital Agostinho Neto na Cidade da Praia.
No âmbito da saúde pública tanto os serviços municipais como as delegacias regionais deverão trabalhar em concertação com a estrutura educativa que tem escolas em todas as aldeias. Por esta via a rede do sistema educativo constitui um importante parceiro na promoção da qualidade do ambiente no Município.
Educação
Em relação ao Ensino Básico todos os núcleos urbanos dispõem de escolas para os seis anos de escolaridade, com diferentes níveis de qualidade em termos de equipamentos. O município dispõe de um total de 19 escolas EBI.
No domínio do Ensino Secundário, existem 2 escolas secundárias, uma na cidade do Tarrafal e outra em Chão Bom. Actualmente o município não dispõe de qualquer infra-estrutura de Formação Profissional ou superior.
A rede de equipamentos é razoável e abarca os centros urbanos e as comunidades demograficamente mais importantes. Os equipamentos de Ensino Pré-escolar encontram-se, de uma forma exemplar, distribuídos pela quase totalidade das comunidades, num total de 2471 jardins-de-infância.
Pobreza
O abandono das aldeias rurais remotas também foi provocado pela persistência da seca, por esta razão, as populações pobres excedentárias da actividade agrícola, migraram para a cidade da Praia, mas também para as sedes concelhias residindo nas proximidades das autoridades administrativas. Este quadro criou uma disparidade de tipos de construções nos centros urbanos, já que as populações mais pobres construíram habitações mais modestas, muitas vezes casas inacabadas com menos divisões, em bairros pobres ou em terrenos marginais.
A então vila do Tarrafal e a vizinha aldeia de Chão Bom não acompanharam o rápido crescimento demográfico com a instalação de infra-estruturas e de equipamentos urbanos, gerando o quadro caótico, com manifesta coabitação de vivência rural e urbana, nomeadamente criação de animais nas ruas, nos terraços e nos quintais, vida à porta aberta, lavagem de roupa e cozinha e outras actividades domesticas em plena rua.
O crescimento de bairros espontâneos resulta da elevada incidência da pobreza nos centros urbanos, sobretudo na população que migra para as cidades na perspectiva de encontrar melhores condições de vida. O problema persiste porque a situação de pobreza se reproduz e a franja da população que não tem acesso aos benefícios do crescimento económico do país tem permanecido na pobreza, que continua a expandir nos bairros espontâneos com a vinda de gente pobre, incluindo imigrantes da África Ocidental.
No plano económico a migração das aldeias remotas para a cidade gerou a concentração do desemprego na área urbana onde, entretanto, as actividades informais de sobrevivência apresentam um maior leque de alternativas.
Atividades económicas
O concelho do Tarrafal apresenta pouca diversidade em termos de actividades económicas, sendo a agricultura de sequeiro dominante. Algum regadio, a pecuária, a pesca tradicional, o comércio, a construção e os trabalhos públicos constituem os principais meios de subsistência da sua população. O caracter sazonal da agricultura de sequeiro e a inserção de grande parcela do território em zonas áridas aumenta a vulnerabilidade da população, criando uma grande dependência de trabalhos ocasionais, frentes de trabalhos de emergência, etc.
No horizonte do ano 2000, o sector primário englobava 42,6% da população sendo 28,5% feminino e 14,2% masculino. O sector secundário com 15,4%, o sector terciário ocupando 39,3% da população com destaque para o comércio, serviços diversos, turismo. O sector privado ocupa mais de metade (55,3%) da população. A pobreza abrangia 44,2% da população no ano 2000.
Actividades económicas
O concelho do Tarrafal apresenta pouca diversidade em termos de actividades económicas, sendo a agricultura de sequeiro dominante. Algum regadio, a pecuária, a pesca tradicional, o comércio, a construção e os trabalhos públicos constituem os principais meios de subsistência da sua população. O caracter sazonal da agricultura de sequeiro e a inserção de grande parcela do território em zonas áridas aumenta a vulnerabilidade da população, criando uma grande dependência de trabalhos ocasionais, frentes de trabalhos de emergência, etc.
No horizonte do ano 2000, o sector primário englobava 42,6% da população sendo 28,5% feminino e 14,2% masculino. O sector secundário com 15,4%, o sector terciário ocupando 39,3% da população com destaque para o comércio, serviços diversos, turismo. O sector privado ocupa mais de metade (55,3%) da população. A pobreza abrangia 44,2% da população no ano 2000.
Agricultura
A maioria da população vive da actividade agrícola. Segundo o INE (Censo 2000) cerca de 33 população do Tarrafal vivia desta actividade em 2000. De acordo com a mesma fonte, INE (QUIBB CV – 2006) apenas 6% dos agregados familiares do concelho dependia desta actividade em 2006. A agricultura mais praticada é a de sequeiro, sendo o milho, os feijões (pedra, bongolon econgo), a batata-doce e a mandioca as culturas predominantes. Condicionada principalmente pela quantidade de precipitação, no sequeiro, os rendimentos são baixos e as produções bastante aleatórias.
A agricultura de regadio é praticada em Colonato, Ribeira das Pratas e em pequena escala nas zonas de Lagoa, Achada Lagoa, Fazenda e Porto Formoso. As áreas mais importantes ficam junto à foz de Ribeira das Pratas e no Colonato de Chão Bom. Esta última, beneficiando de um solo de elevado valor agrícola (aluvião antigo) e de uma localização favorável em termos de acesso e distância dos centros urbanos e semiurbanos. Conjuntamente com Ribeira das Pratas, constituem as áreas mais produtivas de todo o concelho. A agricultura de sequeiro ocupa uma área de 2.708 hectares.
A área total ocupada pelo regadio ronda os 70 hectares. As áreas mais importantes são junto à foz de Ribeira da Prata e o Colonato de Chão Bom. Esta última, beneficiando de um solo de elevado valor agrícola (aluvião antigo) e de uma localização favorável em termos de acesso, e distância dos centros urbanos e semiurbanos. Ribeira Prata e Chão Bom constituem as áreas mais produtivas de todo o concelho. As culturas mais comuns são: a mandioca; as crucíferas (couve e repolho); a cana sacarina; a batata-doce; a batata comum; as fruteiras (principalmente mangueiras e papaieiras); o pimentão.
No tocante às infra-estruturas hidroagrícolas, o município dispõe de uma rede considerável de dispositivos, nomeadamente: diques de retenção e de captação das águas, reservatórios e levadas que aliados às obras de conservação de solos e água (banquetas, muretes, caldeiras) constituem um agregado de protecção ambiental, por todo o território municipal.
As explorações agrícolas do município são todas irrigadas com águas subterrâneas, utilizando na sua maioria o tubo, como o principal dispositivo. Os constrangimentos, para a baixa produtividade, produção e rendimento do sector agrícola, estruturam-se a vários níveis, destacando-se a não conservação dos produtos, baixa fertilidade dos solos, deficiente gestão dos recursos hídricos e irrigação, problemas fitossanitários, falta de agricultores, deficiente integração da produção agrícola e pecuária, incipiente associativismo agrícola, mercado consumidor limitado e dificuldades no escoamento dos produtos.
Pecuária
Relativamente à actividade pecuária, de acordo com os dados de Recenseamento Agrícola de 2004, Tarrafal dispõe de um potencial pecuário caracterizado por explorações exclusivamente familiares de pequena dimensão complementadas com a actividade agrícola.
O modo de criação do gado é livre, os animais encontram-se soltos nas achadas alimentando-se principalmente das vegetações espontâneas que surgem durante a época das chuvas. Os constrangimentos relativos a esta actividade relacionam-se com a comercialização dos produtos pecuários, transformação, fornecimento de factores de produção, assistência técnica, preservação do potencial genético das raças, pastoreio livre, sanidade, nutrição animal e manutenção do efectivo.
O concelho do Tarrafal chegou a ter a pecuária como a actividade mais importante e o Brasão de Armas do concelho no período colonial tinha o timbre de bovinos. No entanto, essa actividade veio a decair ao longo do século XX em anos de sucessivas secas e limitação das áreas de pastagem também associadas ao crescimento demográfico.
Segundo dados do recenseamento geral de agricultura de 2004, os efectivos pecuários do Tarrafal eram expressivos à escala nacional, mas comparado com outros concelhos da ilha de Santiago, representavam uma posição modesta. Havia 2025 bovinos correspondentes a 13% dos efectivos da ilha de Santiago; 2371 ovinos, ou seja 28%, os caprinos 6488 10%; 6234 suínos, correspondentes a 12%. Apenas nos efectivos ovinos o Tarrafal superava os outros concelhos rurais da ilha de Santiago.
Ressalve-se que a pecuária é uma actividade complementar e integrada na agricultura como acontece em toda a ilha de Santiago, sendo raro a dedicação exclusiva dos camponeses à actividade pecuária. Das 2854 explorações em 2004, 91,2% tinham a criação de gado como complemento. Constitui, no entanto, uma importante fonte de proteínas na alimentação e sobretudo uma reserva de recursos financeiros para os agregados familiares.
Industria
O município do Tarrafal não dispõe de uma zona industrial onde as pessoas possam exercera sua actividade.
A actividade industrial do Tarrafal é muito reduzida, destacando-se pequenos empreendimentos privados em número reduzido, como por exemplo, oficinas de carpintaria, serralharia, padarias, estaleiros de blocos, oficinas de mecânica auto e bate-chapa. As oficinas de carpintaria/marcenaria e salões de beleza são empreendimentos que existem maior número, seguidos de serrilharia. Em menor quantidade são as oficinas de mecânica/bate-chapa e estaleiros de blocos, ambos com 4 unidades.
O sector industrial é caracterizado por alguns constrangimentos dentro os quais poderá ser destacado a fraca organização das empresas, deficiente capacidade de comercialização dos produtos, altos custos de produção, mercado consumidor limitado, baixo poder de compra, carência de pessoal qualificado e a localização das unidades industrias em espaços inadequados.
Comercio
O comércio constitui uma actividade económica de grande animação nos centros urbanos e semiurbanos da ilha de Santiago, com destaque para o comércio informal que envolve um grande número de vendedores sobretudo na população feminina. Como acontece nas sedes dos concelhos o comércio está a jusante das importações, mas também associa actividade de feira com venda de produtos de agricultura, pecuária e pescas, artesanato e gastronomia tradicional.
As mudanças recentes introduziram a venda de materiais de plásticos, roupas, calçados, perfumaria e bugigangas importadas, com a proliferação de vendas nas praças e nas ruas. O sector informal tem dificultado um controlo rigoroso do sector pela administração, mas reconhece-se a sua importância pela população envolvida e sinais exteriores de bem-estar ostentados pelos seus praticantes.
No concelho do Tarrafal, assim como em vários outros pontos do país, o comércio informal envolve mais a camada feminina, tanto para produtos agro-pecuários como para roupas e materiais de uso doméstico. Este sector é predominado maioritariamente, por pequenos negócios do tipo mercearias e alguma venda ambulante de produtos que variam desde o pescado, produtos agro-pecuários frescos e transformados, peças de artesanatos, vestuários, calçados, entre outros.
De entre os tipos de estabelecimentos comerciais destacam-se em maior número as mercearias, na segunda posição aparecem os bares e bares/restaurantes. Em outras localidades do concelho existem pequenas unidades de comercialização de bens de primeira necessidade.
Pesca
A pesca, sobretudo a pesca artesanal, constitui uma actividade importante na economia de concelho, havendo vários portos de arrasto de botes tradicionais no perímetro do concelho. Os portos mais importantes são Porto de Mangue na baía verde, Chão Bom e Ribeira das Pratas. De acordo com dados referentes a 2001, no concelho do Tarrafal 531 famílias dedicavam-se à pesca. Na sua grande maioria, os pescadores utilizam pequenas embarcações abertas, com pequenos motores. O peixe é quase exclusivamente comercializado no concelho.
A pesca é depois da agricultura a actividade do sector primário mais importante. O necessário desenvolvimento no sector das pescas passa pela melhoria dos factores de produção, conservação e distribuição do pescado. A pesca do alto mar é quase inexistente e a pesca artesanal torna-se cada vez menos produtiva.
A construção de um cais de pesca em Chão Bom poderá vir a contribuir para o desenvolvimento da pesca artesanal e industrial no município. De igual modo, com o incremento do turismo e a demanda acrescida de produtos do mar, a pesca poderá vir a ter um novo dinamismo, aumentando o rendimento do sector e contribuindo, desta forma, para a melhoria das condições de vida das populações deste sector de actividade.
Turismo
O turismo e as actividades conexas como a hotelaria e a restauração chegaram a ganhar uma certa expressão nas últimas décadas do século XX, mas a falta de investimentos e de modernização deixaram o Tarrafal na retaguarda da concorrência com a emergência de outras ilhas como o Sal e a Boa Vista.
Constitui, no entanto, uma área de grandes potencialidades pela qualidade das suas praias, diversidade de paisagens, recursos patrimoniais disponíveis além da abundante mão-de-obra juvenil. O turismo é a actividade económica prioritária, atendendo ao potencial do município.
Atractivos turísticos naturais
O concelho do Tarrafal no que tange aos recursos naturais apresenta uma grande diversidade de paisagens, da flora e da fauna da ilha de Santiago, destacando o Tarrafe (Tamarix senegaleses) da qual originou o nome da localidade pela abundância em tempos deste arbusto e algumas palmeiras, a passarinha (Halcyon leucocephala), a Tchota-de-Cana (Acrocephalus brevipennis) a Tchota-de-Coco (Passer hispaniolensis).
Parque Natural de serra Malagueta
A área total do PNSM abrange territórios de três concelhos da ilha de Santiago, São Miguel, Santa Catarina e Tarrafal. A este último cabe a menor parcela, 36 hectares, que representa 4,5%, correspondente apenas às zonas de Lagoa e Achada Lagoa.
Segundo a equipa de ecoturismo do Parque Natural, tanto na área do parque como na zona de amortecimento existem condições e valores naturais e socioculturais que oferecem potencialidades notáveis para o desenvolvimento do ecoturismo, principalmente nas suas componentes de turismo de natureza, rural, cultural, aventura e científico. A promoção turística neste parque deve contemplar e acompanhar a conservação dos valores naturais, tradicionais e da cultura autóctone e o desenvolvimento sustentável das comunidades locais.
Monte Graciosa.
Localizado na parte norte do concelho, é a sua maior elevação e o terceiro maior pico da ilha de Santiago, com uma cota máxima de 645 metros.40.
É o único ponto no concelho que possui amostras da vegetação natural autóctone, tais como o tortolho, gestiba, alecrim bravo, agrião de rocha e o marmulano, por isso o PDM local propõe a sua integração na rede das áreas protegidas do país, na categoria de Parque Natural.
Monte Achada Grande
Este cone vulcânico de cor avermelhado, com uma superfície de 66,5 ha, localiza-se na Achada Grande e é uma referência paisagística municipal.
Em termos geológicos é constituído por piroclásticos (jorra) e escórias da formação do Monte das Vacas, que lhe confere grande infiltração, fundamental para a alimentação dos aquíferos, representando uma das principais zonas de alta infiltração no município.
Monte Costa
Em forma de uma rampa eleva-se sobre a achada Costa, atingindo uma altitude de cerca de 300 metros e uma superfície de 153,4ha. Este cone piroclástico destaca-se na paisagem de forma notória pela sua beleza.
Cidade do Tarrafal
Principal polo administrativo do concelho, apresenta diversas singularidades potenciais para o desenvolvimento do turismo local, quer nos aspectos culturais, todo centro histórico como outros edifícios espalhados na cidade com valor histórico-cultural, como na vertente ambiental e paisagística, o monte Graciosa, as praias com coqueiros e diferentes endemismos da flora e fauna do país, e ainda ao nível das actividades de animação turística, como as discotecas, o cineteatro, bons restaurantes típicos, pequenos botequins animados com música local, o parque de manutenção física, entre outras.
Chão Bom
Representa o segundo polo populacional do concelho, a poucos quilómetros da cidade de Tarrafal, onde se destacam três atractivos principais: o Museu da Resistência de ordem cultural, o Colonato, a Baía e a Ribeira Grande de Chão Bom, de ordem natural
Ribeira da Prata
De carro a partir de Chão Bom leva-se menos de 15 minutos para se chegar a Ribeira das Pratas, mas também a caminhada ou o ciclismo são boas opções para ir ao local, porque não exige muito esforço e pode-se sempre contar com a brisa refrescante do mar, já que o caminho contorna o litoral.
É uma localidade conhecida pelas suas praias de areia negra com coqueiros à beira-mar, como a Praia de Ribeira das Pratas, onde regularmente ocorrem desovas de tartarugas e pela sua paisagem, que se estende desde Curral de Salina, Achadinha e Cutelo Branco até Caldeira de Maria Sevilha (caldeira de um vulcão extinto, o maior exemplar de toda a ilha). O caminho impressiona muito quando se dá a volta por dentro da referida caldeira, que tem uma particularidade: a sua base fica abaixo do nível do mar.
As principais actividades económicas são a pesca, a agricultura e a criação do gado o que confere ao lugar potencialidades para o desenvolvimento do turismo em espaço rural, aproveitando as casas dos locais para alojar os visitantes, contribuindo especialmente para o aumento da renda das famílias residentes
Figueira Muita
De Ribeira das Pratas sobe-se para a localidade de Figueira Muita em estrada asfaltada, proporcionando excelentes panoramas sobre as três principais comunidades do concelho de Tarrafal - Ribeira das Pratas, Chão Bom e cidade do Tarrafal - bem como pelos seus vales majestosos, principalmente o que a separa de Achada Meio
Achada Meio
Trata-se de um pequeno povoado de difícil acesso, por uma estrada de terra batida, a partir de Figueira Muita ou ainda a partir de Serra da Malagueta. No entanto, a localidade compensa o visitante com uma vista panorâmica ímpar e abrange a maior parte do concelho. Embora com poucas das habituais atracões turísticas, Achada Meio tem uma beleza natural rara e um clima singular, excelente para os amantes da montanha. A população local vive da agricultura e da criação de gado
Curral Velho
Uma pequena localidade que fica num monte no sopé de Serra da Malagueta, faz fronteira com o concelho de Santa Catarina e é um dos maiores miradouros sobre o concelho do Tarrafal. Possui um clima fresco e tira benefício de sua posição serrana estratégica e proximidade da estrada principal que liga o concelho de Tarrafal a Santa Catarina e a outros pontos da ilha de Santiago.
Trás-os-Montes
Por outrora ter albergado a sede do governo local, é considerado o “Berço de Tarrafal “ e tem sido um ponto importante da olaria e da tecelagem tradicionais com produção de diversas peças de barro e do famoso pano di bitchu.
A actual capela de S. José, que em 1909 funcionou como sede do Instituto de Formação das Alunas Internas e Externas, orientado pela congregação Irmãs dos Pobres, foi ainda a primeira Igreja Matriz de Santo Amaro Abade, padroeiro da freguesia.
Fazenda
Escondida atrás do monte mais alto do concelho, Graciosa, a população desta localidade, relativamente pequena, dedica-se à pesca, agricultura e criação de gado. Segundo os habitantes mais antigos da zona e os relatos das pessoas do concelho, em tempos, este foi um dos portos mais importantes de Santiago, onde se faziam desembarques de vários produtos para o abastecimento da ilha. Mais recentemente, tornou-se muito conhecida pela vala comum que foi encontrada com grande quantidade de ossos humanos, de causas desconhecidas.
A baía da Fazenda atrai muitos amantes de mergulho, pela variedade de espécies que habitam essas águas.
Achada Moirão
É uma localidade que tem nas suas gentes, nas maravilhosas vistas panorâmicas que se desfruta até ao fundo dos vales e nalgumas aldeias desabitadas como Belém, Chão de Capela, Ribeirão Carrasco, Tamareira e Água de Garça, sem dúvida, o maior atractivo local.
Lagoa e Achada Lagoa
A comunidade de Lagoa é uma pequena aldeia, quase desabitada, constituída por graciosas casas típicas, concentradas no fundo da ribeira. Antes de chegar ao referido povoado, passas e no meio de culturas agrícolas e por baixo de altas escarpas, onde se pode avistar macacos, que nestes lugares de difícil acesso, encontram abrigo para se esconderem das pessoas. São também estas escarpas rochosas que hospedam várias e raras plantas endémicas de grande valor natural, muitas das quais utilizadas na medicina tradicional.
Por um caminho suave e seguro chega-se a Lagoa, à medida que se aproxima das primeiras casas a ribeira parece engolir os seus visitantes dentro das suas altas e majestosas encostas basálticas.
Daqui existe um outro caminho que segue até a comunidade de Achada Lagoa, constituída por algumas casas tradicionais dispersas e pode-se observar cenários interessantes sobre a ribeira de Lagoa e o monte Quinto lanço que é sem dúvida uma experiência inesquecível de passagem
Nascentes
No concelho existem algumas pequenas lagoas e nascentes, destacando-se as nascentes de Achada Lagoa, Lagoa, Mato Brasil e Pedra Empena que constituem uma verdadeira bênção para as suas gentes, bem como para o desenvolvimento da agricultura local e do turismo rural nas suas diferentes vertentes.
Ribeira de Fontão e Baía do Tarrafal
Esta é uma das mais importantes ribeiras do concelho. A montante existem dois fornos que comprovam, que durante muito tempo explorou-se os afloramentos de calcários para fabrico da cal. Ainda, a existência de calcários fossilíferos nesta área poderá despertar algum interesse no domínio de investigações e estudos. Tanto o complexo de escarpas basálticos semi-submerjas de Ponta d’Atum, como as praias de areia branca e as arribas monumentais de Ponta Preta conferem à Baía do Tarrafal uma beleza e complexidade única em todo o país.
Ribeira Grande de Chão Bom
A bacia hidrográfica da Ribeira Grande situa-se na fachada poente, estende-se desde o maciço de Serra Malagueta até á orla marítima de Chão Bom e cobre uma área de 23,44 km, atravessando as zonas húmidas, Sub-húmidas e áridas. Atinge altitudes acima dos 800 metros. É a segunda maior da ilha, logo a seguir à do Pico de Antónia.
Na área desta bacia existem cerca de 35 infra-estruturas e equipamentos hídricos (diques de correcção torrencial, furos, nascentes e reservatórios). Em toda a sua extensão pratica-se a agricultura de sequeiro, sendo que, junto à desembocadura da ribeira, na zona de Colonato pratica-se a agricultura de regadio. Em termos de potencial hídrico, esta bacia é a mais importante do município, porque entre outras razões, nasce numa das principais redes de drenagem da ilha de Santiago, Serra Malagueta. Existem ainda outras ribeiras como a Ribeira de Lebrão, de Fundão, de Cuba, Ribeirão Sal, Ribeira da Fazenda, etc.
Praia de Ponta D’Atum
Do lado oeste da baía do Tarrafal fica a praia de Ponta de Atum, famosa pelas magníficas ondas para a prática do Surf e Body Board e onde tem lugar uma etapa do campeonato nacional destas duas modalidades de desportos náuticos.
Praia de Ribeira das Pratas
Na última curva da estrada que liga Chão Bom a Ribeira das Pratas, a praia de areia negra revela-se por inteiro, convidativa. Nos períodos certos pode-se observar a desova de tartarugas marinhas que pode ser aproveitada para fins turísticos e protecção desses animais e da própria praia.
Praia de Fazenda
Praia de difícil acesso, mas vista pelos decisores locais como um dos atractivos turísticos com fortes potencialidades no concelho e por isso, está-se a traçar medidas necessárias para a sua inclusão no roteiro turístico do destino Tarrafal.
Cratera Vulcânica Maria Sibidja (Sevilha)
A caldeira de Maria Sibidja (Sevilha) localiza-se na zona da Ribeira das Pratas é uma das formas vulcânicas mais bem conservadas da ilha de Santiago, com uma superfície de 17,6 ha. Além de ser uma área detentora de valores geológicos e geomorfológicos constitui-se também como um habitat de espécies animais e vegetais de grande importância
Pedra Empena
Através de um tortuoso caminho de pedras, mesmo ao pé do majestoso Monte Graciosa, digna-se encontrar um espectáculo merecedor dos maiores elogios e de visitas, “Pedra M’Pena”, um aglomerado de grandes pedras, dispostas em forma de mosaicos, formando um todo de difícil discrição.
No sopé da pedra maior, a “Pedra M’pena”, disfarçada por pedras mais pequenas, esconde-se a fonte de vida local: uma nascente de água cristalina, natural, que a população local consome
Atractivos turísticos culturais
Cemitério de Tchada Baxu
Parece bizarro, mas o Cemitério do Tarrafal – em Tchada Baxu (Achada Baixo) – deve figurar no roteiro turístico, já que está intimamente ligado ao ex-Campo de Concentração, onde estiveram presos antifascistas de Portugal, Alemanha, Espanha, Polónia, e das ex-colónias portuguesas. No cemitério, podem ver-se campas de 37 antifascistas portugueses, incluindo a do fundador e líder do Partido Comunista Português, Bento Gonçalves, cujos restos mortais foram transladados para Portugal, nos finais da década de 80 – do século passado.
Praça Municipal
Este espaço público localizado no centro histórico da cidade é caracterizado pela sua beleza cénica e colorida e circundado por um conjunto de edifícios históricos mais antigos do concelho, apresentados a seguir, todos construídos nos anos 30.
Encontra-se em bom estado de conservação e, principalmente no verão, realizam-se inúmeras actividades de animação, tais como rádio praça, declamações de poesias e pequenos concursos musicais.
Por esses motivos pode ser transformado num ponto de encontro agradável entre visitantes e população local agrupado a outras como a Praça México e Praça Custódio.
Paço do Concelho
Também erigido em 1935, foi alvo de intervenção com obras de remodelação em 2004 preservando-se em parte a sua arquitectura original. É o edifício que alberga o poder administrativo a nível local e se encontra em bom estado de conservação.
Museu da resistência (Ex. Campo de Concentração)
Criado em 1936, pelo Decreto – Lei 26:539 de 23 de Abril, como colónia penal para presos políticos e sociais, funcionava verdadeiramente como um campo de concentração que enclausurava todos que se opunham à ditadura salazarista e deixá-los morrer à míngua, sem as mínimas condições higiénicas e expostos ao sol e ao paludismo.
Edificado na zona de Chão Bom, ao fim de uma primeira fase, 1936 a 1954 – onde recebeu somente presos portugueses, que ultrapassaram uma centena – passou a receber nacionalistas das colónias portuguesas. Nos seus 38 anos de funcionamento, em que serviu igualmente como prisão para presos de delito comum, além de indivíduos de outras nacionalidades europeias passaram pelo “campo da morte lenta”, como também ficou conhecido devido às condições precárias de enclausuramento e o aumento de penas, 340 portugueses e 230 africanos, entre os quais 20 cabo-verdianos.
Fora do recinto prisional existia uma câmara de tortura denominada - Frigideira ou Segredo, descrita como um cubículo de cimento, asfixiante, de exígua dimensão, com uma porta de ferro, desprovida de qualquer mobiliário a não ser dois baldes, um para a água e outro para as necessidades, onde os presos eram colocados a pão e água durante dias e á mercê dos mosquitos, pelo que os que de lá saiam iam directamente para a enfermaria, senão para o cemitério. O “campo da morte lenta” foi oficialmente encerrado a 1 de maio de 1974, com a revolução dos Cravos em Portugal e após 1975 passou a funcionar como quartel e centro de formação militar.
Museu da Resistência desde o ano 2000, o complexo prisional de Tarrafal pelo seu valor histórico-patrimonial, mormente pelo valor sentimental e carga simbólica enquanto símbolo de resistência ao fascismo e ao colonialismo, foi reconhecido como património histórico nacional em 2006 e almeja atingir a categoria de Património Mundial da Humanidade. Pode ser visitada todos os dias, das 08h às 18h, mediante a compra de um bilhete.
Escola Central
Localizado na praça municipal, foi erigido em 1935. Destaca-se pela sua traça colonial e por ter sido a primeira escola do concelho. Arquitectura de estilo colonial, encontra-se em mau estado de conservação, necessitando de algumas intervenções.
Mercado Municipal da cultura
Circunvizinho à praça municipal, foi construído em 1935 e recentemente remodelado mas manteve-se a traça original da sua fachada principal.
O antigo mercado municipal é actualmente palco de várias actividades culturais e recreativas, tomando a designação de Mercado Municipal da Cultura e transferindo as actividades do primeiro mercado para o novo edifício construído na entrada da cidade do Tarrafal. O imóvel em questão tem um profundo valor histórico-patrimonial para a população do concelho e encontra-se em bom estado de conservação.
Ambiente
No município, a silvicultura tem desempenhado um papel preponderante no combate contra a desertificação, na reconstrução do coberto vegetal, na satisfação das necessidades energéticas e no desenvolvimento da produção agro-silvo-pastoril.
Por esta razão, a Delegação do Ministério do Ambiente e Agricultura tem dado uma atenção particular a este sector. As florestas do concelho são constituídas por espécies que melhor se adaptam às zonas áridas, isto é, acácia americana (prosopis juliflora). Estão localizadas nas zonas áridas e semiáridas das grandes achadas, algumas encostas declivosas e vales. Se, por um lado, essas florestas resolveram o problema de energia doméstica, a lenha, por outro lado, em certas zonas, como por exemplo, no fundo dos vales e nas redondezas dos perímetros irrigados, elas são muito contestadas, sobretudo por agricultores.
As áreas protegidas poderão ser de interesse nacional, regional ou local, consoante os interesses que procuram salvaguardar. A Área Protegida do Parque Natural da Serra da Malagueta tem uma pequena percentagem (4,5%) dentro do limite do concelho. Outros sítios porém, dado ao seu valor ambiental já foram propostos a monumentos naturais e/ou paisagens protegidas.
São eles:
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Monumento Natural Monte Graciosa;
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Monumento Natural Monte Achada Grande;
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Monumento Natural Monte Covado;







Centro de Artesanato de Trás-os-Montes







Género
Na ilha de Santiago, geralmente a tarefa de construção da habitação compete ao homem que, segundo a tradição, mantém a gestão e o controlo dos principais recursos da família, como terra, gado, habitação, equipamentos.
A emigração para a Europa a partir da década de setenta do século XX, deixou muitas famílias sob a gestão directa das mulheres que ficaram, sobretudo no meio rural, e que efectivamente constituem os chefes directos das famílias. Pese embora que os maridos no estrangeiro enviam recursos financeiros para o sustento e especialmente para a melhoria das habitações, construção de casas novas, nos centros urbanos.
Mesmo neste quadro, a mulher que fica no país é a gestora da construção, e das actividades geradoras de rendimento criadas nas localidades, com recursos vindos da diáspora.
As mulheres chefes de família sem maridos no exterior são as mais vulneráveis, pela dificuldade de acesso à residência própria e resultante da complexidade na obtenção de terreno e pelo elevado custo de materiais de construção. O acesso bancário para a autoconstrução é mais difícil às mulheres porque representam a maior parcela de desempregados no mundo rural.